UM EXERCÍCIO ETNOGRÁFICO SOBRE TERAPÊUTICAS YOGIS: REFLEXÕES E CONTRIBUIÇÕES SOBRE YOGA E SAÚDE
Resumo
O modelo biomédico, hegemônico na medicina ocidental, passou por transformações ao longo do século XX, influenciado por mudanças sociais e pelo contato com outras concepções de saúde e cuidado. Nesse contexto, e em diálogo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil instituiu, em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), política pública voltada à inclusão de um conjunto heterogêneo de saberes e práticas não pertencentes à medicina convencional. Em 2017, a PNPIC foi ampliada, incorporando 29 novas práticas, entre elas o yoga e a meditação.
Ao transpor um sistema complexo de conhecimento, como o yoga, para outro paradigma, observa-se, conforme apontam Melo e Souza (2019), que a abordagem ocidental tende a simplificar e reduzir sua integralidade, produzindo uma leitura limitada desse campo.
Em diálogo com produções críticas contemporâneas sobre yoga e processos de medicalização, este projeto propõe investigar como se constituem as práticas terapêuticas yogis — entendidas aqui como um conjunto de práticas não centradas exclusivamente no corpo físico, que se afastam da racionalidade biomédica, inspiram-se e reinterpretam textos clássicos do yoga, articulam-se a reflexões filosóficas e compreendem a terapêutica em relação com a espiritualidade.
O objetivo central é compreender os processos de construção de sentido e significado dessas práticas para os participantes, contribuindo, de modo secundário, para o debate sobre as relações entre yoga e saúde. Para isso, serão realizadas, em um primeiro momento, uma revisão de literatura sobre yoga e saúde no Brasil e, em seguida, um exercício etnográfico aprofundado junto a um grupo de praticantes brasileiros.
Palavras-chave: yoga e saúde; yogaterapia; antropologia e saúde; saúde e espiritualidade